Rasga a neblina o nocturno manto
De acolchoado fofo e nupcial,
Rompe o sol com beleza e encanto,
Alindando a manhã bordada a cristal.
Multicolor faúlha o orvalho cintilante
Preso nas ervas que cobrem outeiros,
Ergue-se o sol em concha rutilante,
Afagando os suaves matinais nevoeiros.
Polvilham as colinas tons esverdeados
Diluídos na luz que alastra nas vertentes,
A Natureza acorda de sonhos encantados,
O mundo agita-se na euforia das gentes.
Pairam as nuvens meigas e ligeiras
Como ténue véu que nos beija os pés,
Espreita-se o fulvo sol que pelas ladeiras
Desce lentamente dos cumes aos sopés.
Olha-se o casario no vazio do mundo
Feito de nós amontoados em novelos,
Em surdina murmura o ribeiro profundo
Liberto de agruras feitas de pesadelos.
Ouvem-se nos outeiros e nas quebradas
Ternas melodias entoadas por cantores,
Pelos vales ecoam e pelas alcantiladas,
Lembrando cancioneiros e trovadores.
Entrelaçam-se os píncaros como teias,
No silêncio absoluto e avassalador,
Arrumam-se os pensamentos e as ideias,
Quebram-se as amarras da vida interior.
Abrem-se as grilhetas do acorrentado viver,
Admiram-se os confins de belas paisagens,
Esquece-se o mundo mergulhado no sofrer
Da dura vivência construída de miragens.
Ébrios da beleza que enche a imaginação,
Gozando a montanha que se ergue altiva
Quanta tristeza nos escapa com emoção
Na fuga à realidade passageira e furtiva.
quinta-feira, setembro 29, 2005
DESPERTAR ALPINO
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário