segunda-feira, outubro 24, 2005

SERRA DA ARRÁBIDA

Gaivotas volteiam sobre o calmo mar,
Ondas morrem no areal fino da praia,
A serra mira-se no espelho a cintilar
Da concha rutilante de águas de cambraia.

Miríades de cores brilham com ternura,
Reflectindo as cambiantes de cor cálida
No extenso manto da mata de verdura
Que em tapete cobre a serra da Arrábida.

A natureza com esplendor e encanto
Acorda com suave sussurro do vento,
Pelos vales escorre prateado pranto
Do nocturno orvalho criado ao relento.

As vertentes beijadas num morno matinal
Pelas ligeiras carícias duma ténue aragem,
São quimeras e sonhos dum mundo irreal
Deixados pela brisa presos na ramagem.

Sacode o arvoredo o espesso manto
De neblina que se esfuma lentamente,
A mata desperta em gracioso canto
Que enche de vida a serra imponente.

Dum lado, a praia maravilhosa,
Do outro, a arriba alcantilada,
Cambiantes de paisagem formosa,
Cinzelada por escultor de nomeada.

Ao longe, o Tejo na penumbra,
Mais perto, o pacífico Sado,
Maravilhas que o olhar vislumbra
Num painel de belas tintas pintado.

As entranhas esboroaram sem piedade,
Desbastando algum encanto e beleza,
Chora a mata lágrimas de saudade
Diluídas no vazio da humana pobreza.


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