quarta-feira, outubro 26, 2005
terça-feira, outubro 25, 2005
OS VELHINHOS
Quando olho os trôpegos velhinhos Trémulos no andar rumo ao sol-posto, Lembra-me os caminheiros sozinhos Com o cansaço estampado no rosto. Nas noites calmas vigiam, acordados, O luar que lentamente desaparece E revivem dos tempos passados Os sonhos que a mente não esquece. Solitários nas escuras noites sem sono Com memória quase esgotada e gasta, São como folhas caducas no Outono Perdidos nas recordações primeiras Com o pesado corpo que se arrasta Empurrado pelas forças derradeiras... |
MIRAGEM
Olhava-te e eras o nada, Mas ao olhar-te apercebia Que o teu ser existia Para lá do horizonte Com corpo e alma!... Eras virtual imagem A bailar mesmo defronte Pelas areias afogada!... Vestida de manto multicolor Tremulando na ilusão E esbatida na paisagem, Eras como simples miragem Perdida na imensidão!... Tu existias na verdade Com as tuas casas e artérias Casada com areia e calor, Confundindo a realidade Com o teu brilho sedutor Mas com vida nas tuas veias!... |
segunda-feira, outubro 24, 2005
DIAS FELIZES
Como os dias corriam lentos Como eram perfumados os campos |
A MORTE DA ANDORINHA
Que os ares alegrava com graça
Quebraram-lhe a asa franzina,
Jaz ferida de morte na praça.
Seu encantador trinado e chilreio
Morreu estrangulado pela dor
E as belas tardes de enleio
Desventuradas perderam brilho e cor.
No voo cheio de grácil melodia,
Cortando o primaveril aguaceiro
Cantava enamorada de alegria
Na construção do seu lar primeiro.
Já não geme a guitarra afã
Seu trinado também se perdeu,
Calou-se uma voz amiga e irmã
E com saudade da andorinha morreu.
Mais pobre ficou a primavera
Por ter perdido algum encanto
Morreu a andorinha que era
O arauto que alegrava com canto
Os campos cheios de quimera
Que no silêncio calaram o pranto.
RIO ZÊZERE
Ora se diverte nos socalcos da serra, ora se espraia em pleno abraço, ora estruma o lodeiro que encerra o pão da vida que enche o regaço. Ora murmura docemente nas areias, ora saltita pelas rochas limadas, ora se mostra arrogante e sem peias, caindo em cascata das alcantiladas. Ora se aperta em garganta estreita, ora se sorri com renovado alento, ora se aquece com sol que espreita entre pinheiros abanados por vento. Ora cintila em espelhado lago, ora perfuma suas águas cristalinas, por fim, entrega-se com terno afago, nos braços de prados e de campinas. |
SERRA DA ARRÁBIDA
Gaivotas volteiam sobre o calmo mar, Sacode o arvoredo o espesso manto |
A PROCURA
Glorificada pelo humano triunfante,
Como a criança atraída pela beleza
Fascinado revolve Universo distante.
As estrelas olha no escuro universal
Distantes da Terra no Cosmos brilhando,
Luzeiros perdidos no infinito astral
Que lenta descoberta vai desvendando.
Frenética batalha trava a ciência
Com a suprema força que domina
Todo o Cosmos que pela inteligência,
Humanos nos torna e parte divina.
Eterno ingénuo o homem medita
O Natural e Divino que o atormenta
Na viagem buscando origem infinita,
A luz da esperança que o alimenta.
domingo, outubro 23, 2005
JOGO DO MENINO
Joga menino com a inocência O jogo duro da vida Recosido com o destino, Joga e sonha menino Com as manhãs de primavera Sentidas na cálida bruma E embriagadas de melodia!... Joga, joga criança macia Com a infância da tua vida!... Joga com fantasia e sonhos Poemas de ternura, Frágeis vimes entaipados No paraíso da imaginação!... Joga e eterniza amor e doçura Com acordes ressuscitados, Longe das agonias e perdição Cobertos de versos risonhos!... Joga, joga pequenino Porque o jogo da vida Faz crescer o menino!... |