quarta-feira, abril 27, 2005

Lambem ondas a praia extensa em vagas de melodias frescas... Posted by Hello

ALMA PERDIDA

Num lago espelhado te mirei
com os flavos cabelos ao vento,
num oásis perdida te sonhei
na delícia da calma do momento.

Numa casa de cristal te imaginei
cercada de sedução e ternura,
meu olhar para o teu levantei
e um rubor te cobriu de doçura.

Num deserto sozinha te encontrei
em meditação perene e ausente,
no silêncio teu soluço escutei
numa prece em cântico ardente.

Num sonho nossas vidas juntei
com anéis ligados pelo amor,
numa promessa amar-te jurei
nos momentos de alegria e dor.

José Rafael
In "Hino à mulher"

terça-feira, abril 26, 2005

Nos píncaros da serra onde o silêncio é profundo expande-se a alma e liberta-se o espírito... Posted by Hello

domingo, abril 24, 2005

O ALENTEJANO

Na planície semi-deserta e quente
onde a dureza é pão de cada dia,
quanta angústia se expressa e sente
nos tristes cantes cheios de melodia.

O sol aquece a charneca despida,
torrando a terra e tisnando o rosto,
verga-se a razão ao peso da vida
na ceifa diária d'um pão sem gosto.

Garaganta seca e olhos lacrimejantes
regam a terra de ardentes fornalhas,
pela fadiga vergado e suores constantes,
sonha venturas, vencendo batalhas.

As palhas ceifa do trigo alourado,
enchendo de fardos o calcinado chão,
fica a charneca com um tom torrado,
despida de trigo e envolta em solidão.

Exausto e cansado pela dura labuta,
olha com saudade a planície imensa
o homem que não verga e insiste na luta
de desbravar a charneca agreste e extensa.

sábado, abril 23, 2005

Paisagem alentejana com extensa seara Posted by Hello

sexta-feira, abril 22, 2005

ETERNA DESILUSÃO

Passa por mim a brisa
num afago de recordações,
rouba-me os sonhos
que me enchem a alma
e tudo se esvazia,
pois, tudo o que toco
é miragem fugidia
e aparente ilusão
de um viver que corre
no deslizar do tempo
que se escoa e morre
numa eterna desilusão.

José Rafael

domingo, abril 10, 2005

Rio selvagem que bonançoso corre entre as verdes matas a caminho do mar. Posted by Hello

CHORO DAS ROSAS

Fecham-se na noite fria
rosas imaculadas e singelas,
perdem no murcho a alegria
mas não deixam de ser belas.

O orvalho do nocturno relento
orvalhadas deixa as flores
que afagadas pelo suave vento
cintilam com variegadas cores.

Poisa o luar na noite estrelada
sobre jardim de flores mimosas,
seu brilho expande até à alvorada
e aviva o choro das lindas rosas.

Amanhece o dia em cantante aurora
e nos cerros desponta o sol a brilhar,
acorda a Natureza campos fora
e as rosas animam e param de chorar.
Lago de montanha Posted by Hello

RUMOS ERRADOS

Que boca a minha boca beijou,
que corpo minhas mãos tocaram,
que mágoa no teu coração se alojou
que sem brilho teus olhos ficaram!

Que paixão nos uniu e morreu,
que lança nosso amor matou,
que muro entre nós se ergueu
que p'ra sempre as almas separou!

Que cruz carregámos toda a vida
que aos ombros transpotámos vergados,
que caminho ou rota desconhecida
que nos arrastou para rumos errados!

Que encontraremos no final da estrada
que percorremos até à morte certa,
que haverá para lá desta caminhada
que nos conduzirá a parte incerta
!
Noite de inverno com reflexo das árvores no lago Posted by Hello

sábado, abril 09, 2005

SINFONIA DE LABAREDAS

Sinfonia de labaredas
lambe os altos pinheiros
e engole o brilho esmeraldino,
transformando-o em braseiros.
No negrume das serras
arde o corpo e a alma
num altar de cinzas
deixadas pelas chamas,
onde o vento sussurra
por entre nus penedos.
Soluça o pinhal requiems
com brados cheios de dor,
cai nas chamas a vida
e afunda nos escombros
consumida pelo horror.
Secam nas serras as fontes
que alimentavam ribeiros,
morre a floresta queimada
no fogo ardente perdida
em dias de angústia e cinza
pelos valados e outeiros.


José Rafael

AMOR DISTANTE

Ao ver-me na solidão
e desolado com a tristeza,
percebi que tua ausência
se perdera na distância
bem longe do meu olhar.
Lavrava em mim a amargura
de não amar tua beleza,
turvaram os meus olhos
e a minha boca emudecida
contagiada pela incerteza
deixou a palavra adormecida
no limiar da minha razão.
Se o silêncio ateia a dor
do distante coração
que a mágoa dura e fria
arda na chama amarga do fel
e queime toda a minha solidão
e todo o meu negrume de agonia,
inundando minha vida
de outro amor e outra paixão.

quinta-feira, abril 07, 2005

CARENTE DE AMOR

Inunda meus sonhos de carícias
e poisa em meus lábios ardentes
o beijo com que te delicias
no ardor que tu própria sentes.

Dorme na minha imaginação
um amor triste e esquecido,
amarrado por laços à solidão
à espera d'outro amor perdido.

Abre as portas da tua mansão
e deixa que ela sirva de abrigo
a um amor que no teu coração
encontre finalmente um amigo.

Invoca amor minha boca
sedenta da tua boca e beijos
que presa a uma paixão louca
implora penitentes desejos.